quinta-feira, 21 de abril de 2011

Para nunca mais duvidar... nem calcular

jogadores do Fluminense comemoram gol contra o Argentino Juniors (Foto: Agência Photocâmera)
Mais uma vitória histórica do Time de Guerreiros
(Photocamera)
Foi heróico. Mítico. De fato, histórico. Um jogo fora de casa, tendo que vencer obrigatoriamente por dois gol de diferença pra ficar tranqüilo. As chances de vencer? Segundo  os matemáticos, que nunca calculam a paixão, eram de 8%. Mas o que são 8% pra quem já derrubou 1%?

O técnico rival tirou onda. Duvidou dos milagres. Duvidou que eles acontecem duas vezes. Pois é, quem sabe, milagres não acontecem duas vezes... mas o FLUMINENSE ACONTECE VÁRIAS VEZES.

Como sempre em sua história, não foi fácil, mas vencemos. Fluminense 4x2, na raça, aos 43 do segundo tempo, para marcar a classificação mais emocionante da Libertadores.

O Flu tinha que vencer. E tentou isso desde o começo. Dominou o começo do jogo com facilidade, chegando perto do gol e levando perigo ao Argentinos Juniors. Numa bela tabela entre Marquinho e Fred, o capitão bateu e mandou na trave. Mas aos 17 minutos, o gol saiu. Marquinho fez boa jogada e lançou Julio Cesar na esquerda, que invadiu a área e bateu cruzado pra abrir o placar.

1x0 ainda não bastava, já que o jogo entre Nacional e América em Montevídeu seguia 0x0. Era necessário mais um. Os quase mil tricolores presentes no estádio Diego Armando Maradona comemoravam e acreditavam no gol da classificação, acreditavam que iria sair logo. Ah, que engano. Não seria tão fácil assim.

O domínio Tricolor foi água abaixo aos 25 minutos. Bola cruzada na área Tricolor, Berna saiu e agarrou a bola, mas o juiz teve uma visão de que o Gum derrubou Salcedo e marcou um penalti inexistente. O próprio Salcedo bateu e fez, bola pra um lado, goleiro pro outro. O empate era péssimo pro Flu. Mas ainda tinha jogo pela frente.

O jogo tava tenso. O time Colorado estava apelando muito pra catimba, pra falta. Muitas faltas, e foi assim que eles morreram. Já diria o ditado "O feitiço virou contra o feiticeiro". Ainda se reerguendo no jogo, o Flu teve uma falta aos 35 minutos. Na bola, Marquinho e Fred. A dupla já esta entrosada em cobranças daquele lugar, e mais uma vez, deu certo. Fred correu e mandou um pataço violento, cheio de curva. A bola foi no meio do gol, mas o goleiro Navarro tentou defender de forma estranha e acabou aceitando o chute. Mais uma vez, o Flu tava na frente.

"Agora vai", foi isso que todos nós Tricolores pensamos. Estavamos de volta, e mais um gol colocava a gente nas oitavas-de-final. No Uruguai, o 0x0 era o placar ainda. O time se reencontrou em campo mas não conseguiu mudar o placar antes do intervalo.

O que estava para vir estava pra entrar na história. Mas a princípio, foi assustador. Dois times completamente mudados. Pedro Troglio tirou um zagueiro e botou Oberman. O Flu voltou apagado e o Argentinos dominando. E a alteração hermana deu muito certo. Aos 9 minutos, Valencia tirou a bola da área mas jogou no pé de Oberman. O camisa 10 ajeitou e bateu. A bola desviou em Valencia, que tinha se jogado pra evitar o arremate, mas a bola saiu do rumo e pegou Berna desprevenido, que nada pode fazer a não ser olhar a bola entrando.

Mais no que nunca, o Flu parecia morto de vez. Alguns falaram "acabou", "não da mais", "já era". Mas quem estava jogando mesmo? Ah sim... o Fluminense.

Aos 22 minutos, foi a vez a sorte voltar a sorrir pro Tricolor. Marquinho cobrou escanteio pela esquerda, Fred cabeceou e Navarro espalmou pra pequena área. Rafael Moura, que ganhou a vaga de titular na última hora, pegou a sobra e não perdoou. Gol aberto pra ele é GOL. 3x2, e mais uma vez, só faltava um gol pro Fluzão.

Mas esse segundo gol teimava em não sair. E se não saia em Buenos Aires, não saia também em Montevideu. O 0x0 classificava o Nacional e o América. Caso o América fizesse 1x0, América e Flu se classificavam. Caso o Flu fizesse mais um, o Nacional caia fora do mesmo jeito. E a partida no Uruguai estava 8 minutos adiantada, ou seja, se acabasse 0x0 lá, o Flu teria tempo pra buscar seu gol. E assim foi.

La pelos trinta e poucos, Fred recebeu a bola na área e emendou um belo voleio, obrigando ao goleiro argentino a executar uma boa defesa. A torcida Tricolor apoiava o time. Os mil Tricolores ali presentes sofriam, mas acreditavam. Os milhões de Tricolores, espalhados pelas 4 direções do Mundo, sofriam, mas também acreditavam. Alguns pessimistas teimavam em não acreditar. Besteira deles. Alias, azar o deles.

Joguei essa pedra: bota o Tartá e o Araújo, tira o Júlio Cesar e o Diguinho. Aí a gente ganha. Não é que eu "mitei"?

Aos 41 minutos, acabou o jogo no Uruguai, 0x0. Enderson sacou Diguinho e botou o Araujo. Tartá já tinha entrado na vaga do J. Cesar, aos 35. E o Araújo fez exatamente o que tinha que fazer.

42 minutos do segundo tempo. A hora exata pra sair aquele gol chamado de "Milagre". Araújo lançou Edinho, que driblou o goleiro Navarro e foi derrubado pelo arqueiro dentro da área. Penalti.  Penalidade Máxima pro Fluminense. 11 metros separavam o Fluzão do céu e inferno. Fred, o capitão Tricolor pegou a bola decidido a entrar pra história. E entrou. Correu e bateu, forte, como se deve bater um penalti, no canto superior direito do goleiro argentino, que acertou o canto, mas não tinha chance de defender. Era o milagre máximo acontecendo. Acontecendo diante de milhares, diante de Troglio, que teve que engolir suas palavras e ver seu time ser vitima de mais um milagre Tricolor. Alias, de novo, né Troglio? Lembra de 2009, Flu e Cerro, dois gols do Flu nos dois últimos 10 minutos? Ele estava no comando do Cerro.

Daí pra frente foi só contar os segundos, 280 segundos. E assim que eles zeraram, foi só fazer a festa. Isso se não fosse a pancadaria no fim do jogo. Não souberam perder e foram pra porrada. Normal. Libertadores, infelizmente é esse nível. Mas isso não manchou a vitória épica do nosso eterno Fluminense, que gravou definitivamente seu nome no Hall dos Imortais. O Time de Guerreiros nunca morre, nunca desiste. Ele perde, mas se levanta. E quando ganha, não é só mais uma vitória, é mais uma história pra contar. E quando decide calcular, inventa sua própria matématica, que não soma numeros, mas sim, a paixão e a raça.

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