O jogo obviamente não foi fácil. Longe disso. O Palmeiras revive seu pesadelo numa terrível e dramática luta contra o rebaixamento, e joga suas últimas chances em qualquer oportunidade que surgir, sendo a de ontem justamente contra o disparado líder do campeonato. Mas quem está a beira do precipício não tem de escolher seu adversário, mas sim bate-lo como puder, do jeito que der. E assim foi.
Festa ao fim do jogo: confirmação do título veio dos jornalistas, para a alegria do Time de Guerreiros (Marcos Ribolli/ Globoesporte.com) |
Com uma única jogada disponível, o Verdão tentava surpreender o Flu, mas suas bolas alçadas na área eram falhas diante a postura da melhor defesa do campeonato. Já o Tricolor sabia que seu momento chave iria chegar, e administrava sua posse de bola assim como fez ao longo do campeonato, tentando conter a adrenalina de poder gritar é campeão ao fim do jogo.
Enquanto Fluminense e Palmeiras duelavam em Presidente Prudente, o Atlético-MG derrotava o Vasco em São Januário, após dois lances pôlemicos: gol mal anulado do Vasco e um pênalti estranho para o Atlético... mas deixa pra lá, afinal, dizem eles que compramos o campeonato, não é mesmo?. Os Tricolores também se atentavam ao embate em Porto Alegre entre Grêmio e São Paulo, no qual Rogério Ceni, assim como Ronaldinho Gaúcho no Rio, abrira o placar de pênalti.
Mas o Fluminense é uma equipe cirúrgica, como gosta de dizer os comentaristas. Talvez seja verdade, pois bastou três finalizações para o Fluzão encontrar o gol. Em todas elas, Fred estava lá. Na primeira o artilheiro viu o arqueiro alviverde espalmar, enquanto na segunda viu a trave rebater a bola. Na terceira, não teve vacilo. Passe sensacional de Rafael Sobis para Wellington Nem, que concluiu e viu Bruno defender. Mas a bola sobrou para Fred, que dessa vez chegou batendo e colocou dentro das redes. No últimos lance do primeiro tempo o Flu estava enfim na frente do placar.
A emoção de verdade estava guardada pro segundo tempo. Com a notícia do gol do Vasco, no início da etapa final, o Tricolor começou o segundo tempo como campeão brasileiro. A combinação dos resultados dava o título ao Flu, que fez questão de garantir logo o seu. Logo no começo chegou perto, mas a posição irregular de Sobis adiou o segundo gol, que veio aos 8 minutos. Fred invadiu a área pela direita e cruzou, mas a bola desviou em Maurício Ramos e encobriu dramaticamente o goleiro Bruno, para a alegria verde, branca e grená e a tristeza alviverde.
Claro que um jogo envolvendo dois times de interesses opostos guardaria grandes emoções. Completamente desesperado o Palmeiras se lançou de vez ao ataque e ao 15 e 19 conseguiu o que parecia improvável. Barcos diminuiu num lance confuso, e contou com a sorte de um verdadeiro camisa 9 para balançar a rede, e Patrick Vieira empatou em seguida, de cabeça, sem chance para Diego Cavalieri.
O arqueiro Tricolor, que até então pouco trabalhará, viu seu dia ficar complicado em poucos minutos, e teve que brilhar como brilhou ao longo do Brasileirão no momento de pressão alviverde, protagonizando uma defesa sensacional num chute à queima roupa de Maurício Ramos.
O empate poderia render o título ao Flu, mas somente se o São Paulo derrotasse o Grêmio, o que já não acontecia mais. O time gaúcho havia virado o jogo, e ia adiando o título Tricolor... apenas para o fim do jogo. Após resistir ao momento incandescente do time paulista, o Flu conseguiu encontrar seu jogo novamente, e assim, conseguiu retomar as ações de perigo. Perto dos minutos finais, Fred recebe dentro da área, mas falha ao arrematar. Minutos depois, não teve erro.
Contra-ataque Tricolor, Jean dispara pela direita e cruza pro meio da área, rasteiro, para o capitão Tricolor bater de primeira e finalmente permitir a Melhor Torcida do Brasil de gritar "É TETRA!", a todos pulmões, para o mundo inteiro ouvir.
Um jogo que entra para história. Com o brilho de Diego Cavalieri, o talento de Jean e a estrela de Fred, mas também acima de tudo, com a raça do Time de Guerreiros, mais uma vez campeão.